segunda-feira, 25 de maio de 2020

São Tomás de Aquino: fé (fide) x razão (ratio)

Pela História da Filosofia, o filósofo e teólogo Tomás de Aquino – mais conhecido pela Igreja como “Doutor angélico”-, é contextualizado como um pensador vinculado a Escolástica que surge entre os séculos XII e XIV de nossa era; esta é concebida como “pensamento da escola ortodoxa e doutrinária medieval”, visto que é a base da Teologia cristã. Ela propõe, assim como a Patrística, uma síntese entre os princípios gerais da filosofia clássica e a religião cristã; contudo, enquanto Santo Agostinho fundamentará suas afirmações em Platão e no platonismo, São Tomás alicerçará em Aristóteles e no aristotelismo.
Tomás de Aquino nasce na Itália, em 1227, e falece em 1274, enquanto se dirigia para o Concílio de Lyon; além de ser oriundo de uma família nobre e de ter estudado em Nápoles, Paris e Colônia, tem uma formação filosófica e teológica extremamente consolidada. De todos os pensadores da Filosofia clássica quem mais lhe chama a atenção é Aristóteles. Por conseguinte, suas obras são influenciadas pelo Estagirita, desde as concepções aristotélicas da matéria e da forma (hilemorfismo), bem como as definições de potência e ato e os princípios das quatro causas (material, formal, eficiente e final). Tudo aquilo que compatibiliza o pensamento aristotélico ao bíblico-cristão Tomás considera; aquilo que imprime contradição, ele refuta e, com base na doutrina cristã, dá uma nova interpretação. Não é a toa que muitos historiadores da Filosofia dizem que Tomás de Aquino, sob o intuito de racionalizar as verdades da fé, “cristianiza” o macedônico Aristóteles.
Ora, se a Patrística conciliava, de forma pacífica e harmônica, a fé e a razão, estabelecendo a crença como fundamento para a real compreensão e entendimento das coisas, e vice-versa, a Escolástica, sobretudo com Tomás de Aquino, rejeitará esse pretensioso vínculo; Tomás considera a Filosofia “ancilla theologiae”, ou seja, como escrava e subordinada à Teologia, pois aquilo que a Filosofia pode apreender ou captar deve ser submetido, constantemente, à lógica e às verdades da Teologia; assim, a fé é um fundamento exclusivo para o ato de conhecer. Inserido num contexto marcado pela rivalidade e de dúvidas acerca da verdade, o pensamento tomista vem recuperar a tranquilidade do homem medieval e a crença deste num discurso perene, ortodoxo e sem contradições.

BENEDITO LUCIANO ANTUNES DE FRANÇA (PROF. BENÊ FRANÇA)
46 anos
Licenciado e Mestre em Filosofia. Professor Titular de Filosofia da EE João Franceschini, em Sumaré/SP. Professor Titular de Filosofia (Ética, Metodologia, Direito aplicado à TI) da Faculdade de Tecnologia de Americana, em Americana/SP. Escritor e comunicador.

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