domingo, 5 de julho de 2020

Aristóteles, o Estagirita: a experiência!

Para Aristóteles (384-322 a.C.), “nihil est in intellectu quod non fuerit primum in sensu”, ou seja, tudo o que há em nosso intelecto provém dos sentidos. Embora fosse aluno de Platão e respeitasse as ideias de Sócrates, o estagirita – alcunha histórica por ter nascido em Estagira, na Macedônia -, autor de diversas obras sobre Lógica, Física, Filosofia, Metafísica, Política, Botânica, Zoologia, etc., compreendia a realidade como derivante das experiências sensitivas humanas. Segundo ele, nós nascemos como uma tabula rasa, uma folha em branco; na medida em que pela visão, tato, paladar, olfato, audição, vamo-nos conhecendo e/ou assimilando os objetos e as coisas que nos circundam, passamos a compreender cada coisa em sua insubstituível realidade material; as experiências, portanto, são as bases fundamentais do conhecimento humano.

Enquanto Platão defendia a preexistência da alma, do Ser e do mundo das ideias, Aristóteles conceberá o conhecimento como oriundo de um constante aprendizado e de um permanente embate entre verdade e falsidade, o que naturalmente leva a comportar o erro, a dúvida e a imprecisão, sempre em busca de um saber sistematizado, lógico e coerente. Ademais, a própria Lógica que ele solidificará, a partir do estudo dos silogismos, revelará a necessidade da criação e da fundamentação de um conhecimento com valor objetivo e universal, isento de preconceitos e equívocos.

Três informações são essenciais para se entender a profundidade do criador do Liceu: as teorias da matéria e da forma (hilemorfismo); as definições de potência e ato; e os princípios das quatro causas (material, formal, eficiente e final). Para se tomar ciência dessas teorias é nos dado um clássico exemplo citado pelos historiadores da Filosofia, no Dicionário de Filosofia, de Gérard Durozoi e André Roussel, publicado em 1993, pela Editora campineira Papirus: a estátua de mármore. 

“(...) O mármore é a causa material da estátua; a causa formal corresponde à ideia que dá a cada coisa sua forma determinada (a ideia do escultor); a causa eficiente é o antecedente imediato que provoca a mudança (cinzelada), e a causa final é o objetivo visado (ganho, amor pela arte)” (DUROZOI; ROUSSEL, 1993, p. 36). A potência, neste caso, indica as prováveis possibilidades de ser do mármore, que passa à condição de ato após receber uma forma, a de estátua de mármore.


BENEDITO LUCIANO ANTUNES DE FRANÇA (PROF. BENÊ FRANÇA)
46 anos
Licenciado e Mestre em Filosofia. Professor Titular de Filosofia da EE João Franceschini, em Sumaré/SP. Professor Titular de Filosofia (Ética, Metodologia, Direito aplicado à TI) da Faculdade de Tecnologia de Americana, em Americana/SP. Escritor e comunicador.

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Obs.: 
Texto escrito originalmente em 21 de novembro de 2005 para a Coluna "Um penetra na ágora", criada por mim em 2005, vinculada ao Jornal "Tribuna Liberal", de Sumaré/SP, onde eu escrevia, às Quartas-feiras, voluntária e gratuitamente.

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